O Capibaribe e o Recife - História Social e Sentimental de um Rio

em 1959 Vamireh Chacon publicou a historia social e sentimental do Capibaribe. Para ele, o rio e a cidade do Recife formam uma unidade geográfica, histórica, econômica e sociológica, mas também sentimental e poética. A importância dessas águas para o passado da cidade todo mundo já conhece, mas muita gente ainda pensa que atualmente o rio é morto na área central. Bom, na minha opinião o rio ainda mantém uma função social, sentimental, econômica, sociológica e poética com a cidade, expressa através dos variados usos que ali ocorrem. Um exemplo desses usos, que compõem a paisagem do centro, são os pescadores da área central. Verdadeiros heróis da resistência, frente a todos os problemas ambientais presentes nessas águas. 



Pescar sobre as pontes do centro é uma boa forma de conseguir alimentação. Siri e peixe soia tem é muito. Quando a maré tá boa, eles conseguem vender um balde de Siri no Mercado de São José por R$ 10 aproximadamente. Já o Soia só alguns pescadores mais necessitados utilizam para comer.

Ao contrário da foto acima, onde o pescador utiliza um Jereré totalmente artesanal e tripa de galinha como isca, na pesca com a Tarrafa, quando realizada sobre as pontes, é mais utilizada como hobby ou alimentação própria. Utilizar esse método requer um maior investimento do pescador, além de uma maior técnica da pesca.



Essa técnica da pesca sobre as pontes não se refere apenas no modo de lançar a tarrafa, mas sim no local de jogar. Alguns pescadores relataram que conseguem ver os cardumes de peixes de cima das águas e os movimentos que eles fazem em relação a maré.

Na margem do rio da Rua da Aurora, sob a Ponte do Limoeiro, há um importante cais para um grupo de pescadores, moradores de local diversos. Antigamente alguns desses pescadores eram moradores da "extinta" comunidade da Vila dos Morcegos, retiradas do local pela Prefeitura do Recife em 2004.


A pesca nos barcos formam um verdadeiro ciclo econômico. O pescador diz retirar das águas de 100 a 200 toneladas de peixes diversos após uma noite inteira de trabalho abaixo da ponte giratória (Isso eu acho que só pode ser lenda de pescador ou de um cara que não tem noção alguma de peso). Esse produto já tem comerciantes fixos na margem do rio, na Avenida Martins de Barros, onde ele recebe o pescado em torno das 06h30 da manhã e revende aos passantes numa velocidade incrível. Não lembro ao certo agora, mas se não me engano 10 Kg desse peixe sai por R$ 25 para o usuário final e 100 kg por R$ 100 para o atravessador (falta confirmar a informação).



Jogar a tarrafa no rio a partir das embarcações também necessita de uma técnica de equilíbrio apurada, que é muitas vezes passadas entre as gerações. É muito comum ver pescadores trabalhando com os filhos e netos.

Locais de pescaria, além de todas as pontes do centro são nas proximidades da rua da aurora (como na foto abaixo onde vemos o Ginásio Pernambucano e a Assembleia Legislativa), próximo ao palácio do campo das princesas, na altura da prefeitura do Recife e do mangue da Casa da Cultura.

Bom, esses são alguns dos aspectos dos pescadores do centro. Ainda podem ser feitas observações sobre as marisqueiras, maioria vinda de Brasilia Teimosa, localizadas raramente no entorno do palácio do campo das princesas em momentos de maré baixa.


O Rio Capibaribe e o Recife estão unidos, como já falaram vários poetas. Mas isso já é assunto para outra postagem....

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